quarta-feira, 18 de março de 2009

A PALAVRA DESPIDA


Quero desnudar a palavra
E tecer meu canto
A favor da vida.

Palavra a ser escrita,
Proclamada,
Ouvida.
Desenhando a justiça
Na boda do mundo,
No coração humano,
Nas estradas da vida.

Palavra organizada.
Desorganizada.
Livre.
Em versos, crônicas,
Odes – gestos de rebeldia...

Quero a palavra
Lapidada em noites insones,
Com asas revoltas,
Sobrevoando nossas cabeças,
Incomodando o amargo silêncio
Tatuado na garganta
Dos partidários da morte.

(Paulo Aires – in Cantigas de Resistência)