terça-feira, 17 de maio de 2011

Entre a lucidez e o espanto

Foto: Vladimir Alencastro






  

 Agora sei que estou calmo, até posso ouvir um grilo que afina seu canto vespertino. Por aqui muitas pessoas já passaram: umas festivas; outras assustadas, sossegando feridas de uma noite sem clemência. Estou calmo, eu dizia, e lá fora ecoam cantos carnavalescos. Voltei aqui para beber uma paz sem nome, pois aprendi que às vezes o retorno é necessário. Aqui estou, coração desnudo para os expedientes do amor. Nenhum fantasma ronda meu diário de secreta alegria. Amanhã, estarei mais sereno ainda. Essa lua nova no meu olhar é como se um anjo impossível plantasse harmonia nos meus olhos entendidos em insônia. Depois da tempestade, vejo-me competente para a paz. Sem alarde, vou confessar esse assunto àqueles que sempre me quiseram vizinho da alegria. 
(Paulo Aires Marinho)
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Texto escrito para acompanhar fotografias de Vladimir Alencastro, realizadas na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, na cidade de Pirenópolis - Goiás, Carnaval de 2011, publicado originalmente no site (EN)CENA:
http://ulbra-to.br/encena/galeria/2011/05/17/Entre-a-lucidez-e-o-espanto