quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Carta a Raimundo Rasga-Mala













Recordo tuas peripécias
De homem errante, pássaro festivo,
Exilado de um estranho país distante.

Tua risada incontida.
Tua voz aguda, imprevisível.
Teu repente na ponta da língua.
Língua afiada, faísca de verdade
Que ninguém queria ouvir.

Teus pais, nunca os conhecemos.
Se irmãos tiveste, não soubemos.
Filhos teus não nasceram.

Por que tanta cana, Raimundo?
Por que tanto segredo, rapaz?

Eu, velho amigo, cumpro a tarefa
Que a poesia me pede:
Dou-te diploma de eternidade
Nestes versos outonais.

Amigos teus do Sindicato
Mandam-te um abraço agrário,
O Romão e o Luizinho do Olho d’Água.
Aqui publico, com letras de fogo,
Teu nome verdadeiro, de cruz e de papel:
Raimundo Pereira da Conceição.
Amigo, irmão, irmão!

(Paulo Aires Marinho – Do livro Perto do Fogo, p. 78)
Foto: P. A.



Um comentário:

  1. Rasga Mala, desse nome ele não gostava, mas com suas histórias nos encantava.
    PAULO AIRES, parabéns pelo o Blog e pela a poesia dedicada ao amigo Raimundo RASGA-MALA. Abraço. Willian Wanderley.

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